Joelma: 40 anos depois

1º de fevereiro de 1974, dia que marcou a vida dos paulistanos com o horror de um dos piores incêndios da História: o do edifício Joelma.
 
Apenas 2 anos antes, no dia 24 de fevereiro, o edifício Andrauss, também no centro da Capital, sofreu um incêndio de grandes proporções e 16 mortes. Causa provável: sobrecarga no sistema elétrico. A grande maioria das pessoas que trabalhavam no local, incluindo escritórios da Siemens e da Henkel (que perdeu dois importantes executivos), conseguiram se salvar. Subiram ao topo do prédio e foram resgatados por helicóptero.
 
As vítimas do Joelma, 191 mortos, não tiveram a mesma sorte. Muitos subiram ao teto,relembrando o sucesso dessa estratégia de resgate no Andrauss. Mas, ao contrário deste, o Joelma tinha seu teto revestido com telhas de amianto e o calor intenso impediu a aproximação dos helicópteros.
 
Muitas dessas aeronaves pousaram no heliponto da Câmara Municipal de São Paulo - prédio localizado há cerca de 50 metros - que teve muitas de suas vidraças estouradas pelo calor das chamas.  Funcionários antigos daquele local ainda se lembram do cenário de guerra montado na garagem do Palácio Anchieta para receber os feridos para os primeiros socorros. Causa do incêndio: provável curto circuito no ar condicionado.
 
Os dois edifícios, em curto espaço de tempo, sofreram consequências de problemas com instalações elétricas - o que fez com que muitas posturas municipais e exigências de fiscalização fossem adotadas, com a alteração do Código de Obras da cidade que datava de 1934, época em que a cidade possuía muito menos habitantes, edifícios menores e menos complexos do que os que surgiram após a década de 1960.
 
Quatro anos depois do incêndio, reformado, foi batizado com novo nome: edifício Praça das Bandeiras. Hoje ele coleciona muitas estórias como as que encontrei na página "Além da Imaginação", intitulada "Os Mistérios do Edifício Joelma", entre eles o caso das "13 almas", os incidentes na filmagem do "Joelma 23º andar" (leia sobre, aqui).
 
Mas, a cidade relembra estórias mais antigas. Muito antes do Joelma ser construído a área já era considerada "almaldiçoada".
 
Diz a lenda que no local eram castigados escravos "indisciplinados", torturados até a morte entre os séculos XVIII e XIX.  Em meados do século passado, um professor da USP assassinou sua mãe, duas irmãs e jogou seus corpos em um poço recém construído no quintal da casa. Ao ser descoberto, suicidou-se. O "crime do poço" - como ficou conhecido - fez, ainda, uma quinta vítima: um dos bombeiros que retirou os corpos do poço morreu tempos depois por infecção cadavérica.
 
Tristes lembranças desta cidade que aprende com a desgraça e costuma adotar providências tardiamente. Seu crescimento desordenado, a falta de planejamento urbano, dentre outros inúmeros problemas, faz com que a cidade se torne um lugar difícil de se viver e com pouca qualidade de vida.
 
Espero que, ao menos, a fiscalização esteja atenta para que não ocorra outras tragédias desse porte. Pensamento otimista, depois do ocorrido em Santa Maria-RS, em janeiro de 2013, vitimando mortalmente mais de 240 pessoas.
 

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