Tributo a São Paulo
" A 25 de janeiro do Ano do Senhor de 1554 celebramos, em paupérrima e estreitíssima casinha. a primeira missa, no dia da conversão do Apóstolo São Paulo, e, por isso, a ele dedicamos nossa casa!"
(Carta de José de Anchieta à Companhia de Jesus)
Há dias venho ensaiando escrever alguma coisa sobre o aniversário de Sampa e faltou-me inspiração. O que dizer, neste Blog que já é uma homenagem à cidade, fugindo do lugar comum das comemorações que pipocaram pela cidade.
Há dias venho ensaiando escrever alguma coisa sobre o aniversário de Sampa e faltou-me inspiração. O que dizer, neste Blog que já é uma homenagem à cidade, fugindo do lugar comum das comemorações que pipocaram pela cidade.
Daí bateu-me uma profunda nostalgia. Lembrei-me da infância quando Sampa era a "terra da garoa" e as estações do ano eram bem definidas. Sair cedo de casa com nevoeiro era comum. O "nevoeiro" que vemos hoje é proveniente da emissão de gases do efeito estufa, não mais do clima úmido serrano.
Foram-se as árvores e os espaços verdes que tanto custam para serem recuperados. Foi-se o rio Tietê navegável que, junto os os outros dois principais rios da capital - Tamanduateí e Pinheiros - são responsáveis por inundações em épocas atípicas de muita chuva (até há poucos anos inundavam a cidade a cada chuva nos meses de janeiro-fevereiro). Mas, ainda são leitos que recebem esgoto e lixo, envergonhando nossa metrópole quando comparada a outras grandes capitais do mundo que já resolveram os problemas de seus rios.
Lembrei-me das histórias de meus pais, tios e avós sobre os automóveis "pé de bode" e dos bondes que cruzavam São Paulo causando alvoroço. Mas, nada comparado com o maluco e caótico trânsito de hoje que mata cidadãos, atrasa compromissos e abala a economia da cidade por conta dos enormes congestionamentos. Tem-se mais de um automóvel por habitante em detrimento do transporte público. Este vem sendo desvalorizado ao longo de décadas por conta de políticas públicas que privilegiam o transporte individual.
A cidade que "não pode parar" cresceu tanto e tão desordenamente que está dificultando a vida de seus moradores. A cidade tem que parar de crescer ou reorganizar-se completamente para dar lugar a tantos novos imóveis que espigam pelos bairros diariamente.
Sua grandeza é realmente colossal - para ser bem redundante: 40 hospitais públicos, 110 museus, 260 salas de cinema, 160 teatros, 91 mil vias públicas, 54 parques e áreas verdes (menos de 6 m² de área verde por habitante; OMS recomenda 12 m²), 900 feiras livres semanais, 34 mil indústrias, 2 mil agências bancárias, 11 milhões de visitantes em 2008 (dados em "Parabéns, São Paulo").
Além disso, é considerada um centro gastronômico e cultural de excelência e a 14ª cidade mais globalizada do planeta. Recebeu o status de cidade alfa pelo GaWC - Globalization and World Cities Study Group & Network. É a 10ª cidade mais rica do mundo, 6ª maior do planeta e concentra 75% da população de todo o Estado de São Paulo.
Como uma moeda, a cidade também tem dois lados. São colossais os números de seus problemas: a alta especulação imobiliária esvaziou áreas centrais e empurrou grande parte da população para a periferia, em áreas sem estrutura urbana ou ambientalmente frágeis, como as dos mananciais. Resultado: a chuvas causam mortes e muita desgraça para esses munícipes que se vêem quase sem alternativas.
Apesar de tanta chuva a cidade começa a sofrer problemas com o abastecimento, tendo que buscar água em bacias hidrográficas distantes. Essa questão é uma preocupação premente na agenda das políticas públicas.
O Plano Diretor está na ordem do dia. Provavelmente será votado este ano na Câmara dos vereadores. Será mesmo que esse Plano é o ideal para a cidade? A discussão ainda está muito vaga na sociedade, como se nenhum dos poucos aspectos citados incomodassem ou preocupassem a maiora das pessoas.
Qualidade de vida!! É isto que Sampa precisa.
É isto que devemos exigir de nossos governantes.
É isto que nós, enquanto cidadãos, devemos praticar em nossos atos cotidianos. Cada um fazendo a sua parte.
Quem sabe se no seu 457º aniversário, tenhamos menos problemas para lamentar e possamos dizer, em alto e bom tom: Parabéns, minha querida cidade!
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