Estradas de ferro paulistas: Companhia Paulista de Estradas de Ferro


Na postagem anterior abordamos que a primeira estrada de ferro paulista, a Santos-Jundiaí (EFSJ), que da sua inauguração até 1946 foi denominada São Paulo Railway Company (SPR), foi uma ferrovia que ligava o município de Santos ao de Jundiaí, tendo como principal ponto de passagem a cidade de São Paulo.

A implantação dessa ferrovia em solo paulista foi o impulso necessário para o fortalecimento da centralidade da cidade de São Paulo e a alteração em sua paisagem, pois, a partir do início de sua operação, a cidade pode abrigar as famílias dos cafeicultores, ampliar os negócios do café, e ver nascer fábricas e indústrias que se tornaram sua importante marca por todo o século XX.
 





A segunda ferrovia neste estado foi a Companhia Paulista de Estradas de Ferro - CPEF, uma companhia privada, organizada por fazendeiros e banqueiros paulistas para atender ao crescente escoamento da safra de café que não era abrangido pela São Paulo Railway - SPR.
 
A Paulista partiu de Jundiaí, estendendo a ferrovia em direção ao centro e  ao norte do Estado.
Mapa da "Paulista"
Como diz Motta Araújo, foi considerada a melhor e mais eficiente ferrovia brasileira de todos os tempos. Foi pioneira em muitos aspectos, sendo a primeira ferrovia brasileira: a eletrificar suas linhas; a utilizar vagões de aço importados da Pullman para transporte de passageiros, na década de 1920, e posteriormente construindo-os em suas oficinas: a de Jundiaí para locomotivas e a de Rio Claro para vagões; a criar hortos florestais para obtenção de dormentes e lenha - através dela o eucalipto foi introduzido no Brasil.
Foi, ainda, a primeira a ter trabalhadores sindicalizados (1929). Além disso, a Previdência Social no Brasil também teve sua origem na Paulista, quando em janeiro de 1923 foi fundada sua Caixa de Aposentadoria.
 
Trem de aço, vagão de primeira classe.
Seus trens tornaram-se famosos por sua lendária pontualidade e elevado padrão de conforto - ainda não superado no transporte de passageiros no Brasil: o trem "R" (rápido) ou "Trem de Aço", era composto por carros de três classes (Pullman - com cadeiras giratórias, Primeira e Segunda Classes), dormitório e restaurante com garçons e maître, que servia o famoso "Filet à Paulista", sob a exigência de uso de terno e gravata de seus comensais.
 
 

Essa estrada de ferro passou por Jaú, Pederneiras, Descalvado, Araraquara e Bauru - o coração da lavoura cafeeira. De Bauru saía a Noroeste do Brasil, ferrovia que atravessava o Mato Grosso rumo a Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia.
 
Sociedade anônima, com mais de 10 mil acionistas, a Paulista diversificou suas atividades para além dos trilhos e do transporte de café. Fundou a Companhia Frigorífica e Pastoril em Pitangueiras, com o objetivo de estimular a criação de gado no norte do Estado. Essa empresa foi posteriormente vendida ao Grupo Vestey, cujo trabalho deu origem da raça nacional de gado "pitangueiras".
 
A Companhia ocupou imponente prédio na rua Líbero Badaró, na capital paulistana, o edifício Saldanha Marinho - hoje sede da Secretaria de Estado da Segurança Pública. Saldanha Marinho foi presidente da Paulista e digno representante da elite cafeeira de São Paulo.
 
Edif.Saldanha Marinho
 

Ainda segundo afirma Motta Araújo: " essa magnífica empresa que durou 100 anos acabou com uma greve de seis meses, ao fim da qual foi estatizada em 1961 pelo Governador Carvalho Pinto...". 



 
 

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