21 de Setembro: Dia de Luta da Pessoa com Deficiência

Hoje, 21 de setembro, comemora-se o Dia de Luta da Pessoa com Deficiência, com atividades em todo o país. Na Câmara Municipal de SP, o vereador Floriano Pesaro está organizando um seminário sobre o tema, em novembro. Ele também apresentou um projeto de lei que institui o Dia Municipal de Luta pela Educação Inclusiva na cidade.

Foto: Ronaldo Gomlevsky

"Ter um dia de luta pela Educação Inclusiva no calendário oficial da cidade ajuda a estimular o debate".

Nesta entrevista, o vereador Floriano aborda esse tema. Leia os principais trechos:

  • Quais os caminhos para a aprendizagem com inclusão? Nossas crianças devem frequentar escolas regulares ou especiais?

FP - Este é um dilema que vem pautando profissioinais da Educação no Brasil e no mundo, o poder público, as famílias e as organizações que atuam na ponta do atendimento dessas crianças. A legislação, neste quesito, é inquestionável e unânime, uma vez que prevê educação para todos, com respeito às diversidades. Mas, no dia-a-dia do ensino no Brasil, esta conquista não está plenamente contemplada. Os dados nacionais mostram que somente nas escolas regulares, estão matriculadas hoje mais de 300 mil crianças com alguma deficiência; outras 342 mil estudam em escolas especiais. Temos ainda que enfrentar a discussão de como concretizar esta inclusão.

  • O que é, de fato, incluir uma criança com deficiência?

FP - A inclusão passa por boa infraestrutura das escolas, pela metodologia de ensino, pelos professores capacitados e especializados para atender essa demanda. Passa, também, pela acessibilidade física, ao conhecimento, à comunicação e, em última instância, acesso à sociabilidade saudável com o fim do preconceito da própria sociedade. Aqui, mais uma vez, os números retratam o tamanho do desafio: 96% dos professores declaram-se despreparados para a inclusão, de acordo com levantamento feito pelo Ibope. Na rede pública de ensino, o preconceito é gritante: mais de 96% dos entrevistados (pesquisa da USP) declararam querer evitar a convivência com as pessoas com deficiência. Estes dados saíram de uma reportagem do Estadão, no início de setembro.

  • O caminho no Brasil ainda é longo para superar a distância entre os incluídos e os excluídos?

FP - Sem dúvida. O discurso muitas vezes é contraditório, pois educação para todos não significa oferta padronizada de ensino. É preciso ter em mente que os modos de aprendizagem e as boas experiências de escolarização são tão diversos quanto desejáveis. E, ainda, devemos refletir muito antes de paralisar o que já funciona.

  • Como incluir essas crianças levando em conta os diversos caminhos para a aprendizagem?

FP - Transformar a prática atual envolve uma mudança de valores e princípios que não se dará de forma impositiva, mas por meio dos consensos dentro da sociedade. De fato, já é um avanço o entendimento de que todos têm direito e devem ter acesso à escolarização de qualidade. Assim, fica evidente que é preciso considerar as especificidades de cada tipo de deficiência para pensar em como contemplá-las e principalmente quais fatores levam a uma melhor escolarização para cada grupo.

  • Vereador, por favor, dê um exemplo?

FP - Os surdos são um exemplo interessante destas particularidades, pois sua alfabetização parece se desenvolver com melhores resultados em escolas para surdos, onde a comunicação e o ensino se dão na língua mais apropriada para eles. Mas, para muitas outras crianças, as classes especiais significam a possibilidade de estarem na escola.

  • Então, não existe uma fórmula?

FP - Não existem fórmulas, mas o desafio de se promover a inclusão de fato. Os dados sobre a evolução educacional destas crianças também é precário e aprimorá-los pode ajudar muito a elucidar a questão. Toda criança tem o direito de sonhar. Sonhar em ser o que quiser quando crescer. Respeitadas as especificidades, as crianças dever ser sempre estimuladas à independência e à autonomia em sua própria casa, no seu ambiente escolar e de trabalho. E isso deve acontecer na rede pública do país.

Floriano Pesaro (PSDB) é sociólogo, ex-secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social da Prefeitura de SP e vereador da Câmara Municipal de SP.

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