Estradas de ferro paulistas: The São Paulo Railway Company Ltd.

Em meados do século XIX, as grandes produções agrícolas do estado começaram a ser transportadas sobre trilhos. Áreas de florestas foram derrubadas para darem lugar à lavouras de café. As fazendas se instalam cada vez mais distantes do litoral e o transporte no lombo de animais não dá mais conta da distância e velocidade necessárias para o transporte de cargas, demandando a implantação desse novo sistema de transportes.


Viaduto da Grota Funda, 1920
Os primeiros projetos foram submetidos, em 1839, a Robert Stephenson (o filho de George Stephenson, criador da primeira locomotiva a vapor - vide aqui) para construção de uma estrada de ferro que cruzasse a Serra do Mar, rompendo a barreira entre o porto de Santos e a zona produtora do planalto paulista.


No entanto, foi o Barão de Mauá 20 anos mais tarde quem convenceu o Governo Imperial da importância de uma estrada de ferro entre Jundiaí e Santos. Mauá buscou expertise para vencer a descida da Serra do Mar com o engenheiro ferroviário britânico James Brunlees. A execução do projeto ficou por conta de Daniel Makinson Fox, que havia construído ferrovias no País de Gales e nos Pirineus. Foram contratados engenheiros e trabalhadores de outros países, como Alemanha e Suíça que fixaram moradias em cidades do interior e, mais tarde, passaram a integrar o ciclo do café.



Iniciada em 1860, The São Paulo Railway Company Ltd. (SPR) - a primeira estrada de ferro paulista (a segunda do Brasil), entra em operação três anos mais tarde percorrendo o trecho que vai de Santos (região portuária) até a cidade de Jundiaí para atender, principalmente, às necessidades de escoamento da produção de café. O traçado completo possuía 159 km e a SPR obteve a concessão para exploração da linha por um período de 90 anos, o que lhe garantiu ser a maior empresa ferroviária do país em volume de carga.
 
Casa de operários da ferrovia
A SPR se recusa a prolongar seus trilhos até Campinas levando um grupo de fazendeiros a um movimento que resultou na implantação da Companhia Paulista da Estrada de Ferro de Jundiahy a Campinas, em 1868, possibilitando o escoamento de café nessa região com mais facilidade. Posteriormente passou a chamar-se Companhia Paulista de Trens (que será objeto de outra postagem).
Estação Jundiaí
Em 1947, passado o período de concessão, a SPR foi nacionalizada e chamou-se Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. Tinha seu quilômetro zero no bairro do Valongo, em Santos, cruzando os municípios de Cubatão, Santo André (Paranapiacaba), Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires, Mauá, São Caetano do Sul e Capital. Saindo da cidade de São Paulo, em direção a Jundiaí, passando pelos municípios de Caieiras, Franco da Rocha, Francisco Morato, Campo Limpo Paulista e Várzea Paulista.


A Santos-Jundiaí cruzou a cidade de São Paulo levando desenvolvimento para o bairros lindeiros à ferrovia, separando Ipiranga, Vila Prudente, Cambuci e Mooca; cruzando os bairros do Brás, Bom Retiro, Santa Cecília, Barra Funda, Lapa, Pirituba, Jaraguá e Perus. Nessas regiões surgiram indústrias e grandes armazéns que atualmente são alvo de atenção das autoridades públicas para revitalização e do setor privado para exploração imobiliária, como vem ocorrendo, por exemplo, com a Barra Funda e com a Mooca.

Hospedaria dos Imigrantes - Mooca


Fontes: Museu da Companhia Paulista, ABPFSP , Blog Sobre os Trilhos

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Penha de França: o bairro mais antigo

Cidade Compacta - o que é isso?

SP 2040, Visão e Plano de Longo Prazo para Sampa