Minhocão, um presente para Sampa. Presente?
Construído em apenas 11 meses, foi entregue
pelo então prefeito biônico Paulo Maluf em 25 janeiro de 1971 como presente de
aniversário para a cidade de São Paulo. Presente de grego? Para muitos, sim.
Originalmente havia sido concebido na gestão
do prefeito Faria Lima (em meados de 1960). Mas, os estudos revelaram que o
impacto urbanístico seria desastroso e muito mais prejudicial do que a falta de
alternativas de tráfego, e por isso foi engavetado.
O oficialmente nominado “Elevado Costa e
Silva” – em homenagem ao segundo presidente militar – nasceu inserido num
contexto que privilegiava o automóvel e a construção de vias expressas, em
consonância com a lógica urbana do século XX. Começa no bairro de Perdizes, na Zona
Oeste da cidade, serpenteia entre os bairros da Barra Funda e Higienópolis,
passa por cima da Av. Amaral Gurgel e parte da Av. São João, até chegar na
Praça Roosevelt, ao lado da igreja da Consolação.
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Minhocão sob a Praça Roosevelt |
Deteriorado, também, tornou-se os baixios do
elevado com a desvalorização dos imóveis, com prejuízos ao comércio, sem contar
com o impacto provocado pela poluição e ruídos dos veículos, que finalmente
afastaram boa parte de antigos moradores.
Assim, tornou-se um dos pontos mais polêmicos
do cenário urbano paulistano. Discussões, propostas e tentativas para sua
demolição têm sido feitas há tempos. Medidas paliativas para minimizar o
impacto negativo nos arredores foram tomadas desde o final dos anos 80, com o
fechamento da via à noite e aos domingos. Sem dúvida, essa alternativa reduziu
o desconforto dos moradores vizinhos, além de permitir a implantação de uma
área de lazer e recreação para a cidade.
Recentemente (11/07/2015), nova medida vem
sendo viabilizada. A do fechamento do Minhocão também aos sábados. Mas, nenhuma
medida para a sua demolição definitiva foi adotada, nem são de conhecimento
público quaisquer medidas alternativas para o fluxo de veículos no eixo
leste-oeste. Para o tráfego de veículos nesses horários, a CET – Companhia de
Engenharia de Tráfego da municipalidade, propõe alternativas.
Como outras cidades do mundo resolveram
problemas semelhantes: High Line, em
Nova York...
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High Line, Nova York - antes |
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High Line, Nova York - depois |
... Couleé Verte ou Promenade Plantée, (foto abaixo), em Paris,
por exemplo. Embora se trate de duas ferrovias desativadas, que não tiveram que
enfrentar problemas com tráfego de autos, uma linha férrea também traz
problemas para seu entorno. E isso foi solucionado.
Mas, há ainda o incrível exemplo do Rio Cheonggyecheon, em Seul, Coréia do Sul, que demoliu o viaduto, deu solução ao tráfego de veículos e recuperou o rio, criando um boulevard para a população.
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Rio Cheonggyecheon - antes e depois |
A Prefeitura de São Paulo poderia abrir um
concurso internacional para alternativas urbanístico-arquitetônicas, com o respectivo impacto no trânsito. Impossível não haver uma alternativa para esse problema.
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