Depois do Chá, a Rua Oriente
Na postagem anterior abordei o tema da mudança do nome do Viaduto do Chá pretendida por um vereador paulistano. Segundo informou o vereador Floriano Pesaro (ver comentário naquele post), o projeto de lei foi arquivado.
No entanto, há outro projeto que quer alterar o nome da Rua Oriente, homenageando um líder religioso iraniano, morto na década de 1970, acredito eu no Líbano, cujo nome possui difícil grafia: Moussa Al-Sader. A justificativa do projeto diz que isso atende a pedido da Associação Beneficente Islâmica do Brasil.
Volto a afirmar: independentemente a figura do homenageado que poderia ter seus méritos honrando espaços inominados da cidade, mexer com denominações tradicionais de vias públicas da cidade, que marcam a história de nossa terrinha, deveria ser considerado crime.
A Rua Oriente recebeu esse nome por Ato municipal datado de 24/08/1916. Está localizada a leste do centro histórico de Sampa, no coração do bairro do Brás. Aliás, quando se fala em Brás, dois nomes vêm imediatamente à mente: Rua Oriente e Largo da Concórdia.
Ambos, tradicionais espaços de comércio de confecções, a preços populares ou bem inferiores àqueles praticados por shopping centers. Se a região é reconhecida pela colônia libanesa – de forte presença ali – cabe lembrar que antes deles vieram os italianos, e mais recentemente chineses e bolivianos, sem contar a imensa quantidade de migrantes nordestinos que residem, comerciam e transitam por ali.
E mais, a Rua Oriente é tradicionalmente conhecida em todo o país. Local da famosa “Feirinha da Madrugada”, comércio popular que começou na Rua 25 de Março, e que há mais de 10 anos vem se espalhando pela Rua São Caetano, Rua Monsenhor de Andrade. A prefeitura reservou espaço para a Feirinha. Lugar marcado. Tentou organizar as centenas de ônibus que vêm de todas as partes trazendo compradores de mercadorias para revenda em suas cidades e regiões. Enfim, tentou organizar o comércio informal e combater piratarias e outros delitos.
Em abril deste ano, o atual prefeito determinou o fechamento da “Feirinha da Madrugada”, alegando problemas de segurança. Os comerciantes ganharam uma liminar para permanecerem no local, que foi logo em seguida cassada, após recurso da prefeitura.
Durante o dia, no horário comercial, as lojas “formais” da Rua Oriente e imediações continuam a abrir suas portar para milhares de pessoas que lá chegam em busca de mercadorias a preços baixos.
Esperemos que o projeto de lei que quer alterar o nome da Rua Oriente também não vingue e seja arquivado, como o do Viaduto do Chá.
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