Estradas de Ferro Paulistas: FEPASA

No início dos anos 60 surge a primeira ideia de constituição de uma empresa que unificasse as cinco ferrovias estatais existentes no Estado de São Paulo.
 
Os primeiros anos
Em 1967, o então governador Abreu Sodré transferiu para a Companhia Paulista de Estradas de Ferro – CPEF, a administração da Estrada de Ferro Araraquara S/A e para a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, a administração da Estrada de Ferro São Paulo e Minas. Dois anos mais tarde, transformou as ferrovias estatais em sociedades anônimas. 
No entanto, a unificação de todas elas ocorre no governo de Laudo Natel, quando foi criada oficialmente a Ferrovia Paulista S/A – FEPASA (28/10/1971). Não houve fusão das empresas e sim a mudança de nome da CPEF para FEPASA e a incorporação, por esta, do acervo total das companhias Mogiana, Araraquara, Sorocabana e São Paulo e Minas, com a consequente extinção dessas empresas.

A desestatização
De 1980 a 1992, os sistemas ferroviários pertencentes à Rede Ferroviária Federal S/A – RFFSA e à FEPASA foram afetados de forma dramática, quando os investimentos reduziram-se substancialmente.
Em 1984, a RFFSA encontrava-se impossibilitada de gerar recursos suficientes à cobertura dos serviços da dívida contraída. A empresa suportava sério desequilíbrio técnico-operacional, decorrente da degradação da infra e da superestrutura dos seus principais segmentos de bitola métrica e da postergação da manutenção de material rodante, que ocasionaram expressiva perda de mercado para o modal rodoviário.
Como medida de ajustamento institucional foi criada a Companhia Brasileira de Transporte Urbano – CBTU, que assumiu os serviços de transportes urbanos, afastando dessa atribuição a RFFSA. Mesmo assim, os serviços continuaram deficitários, levando o Governo Federal a colocar em prática ações voltadas à concessão de serviços públicos de transporte de carga à iniciativa privada.
Em 1992, a RFFSA foi incluída no Programa Nacional de Desestatização – PND e o processo encerrou-se com a desestatização da FEPASA no início de 1998. A FEPASA havia sido federalizada e incorporada integralmente à RFFSA, no início desse mesmo ano, passando a malha ferroviária correspondente a ser chamada de “Malha Paulista”.
Venceu o leilão da Malha Paulista o consórcio ligado à Ferrovias Bandeirantes S/A – FERROBAN, que passou a ser concessionário por 20 anos a partir de 1999. Com o tempo, o controle da FERROBAN foi assumido indiretamente pela América Latina Logística – ALL (devido a incorporação de ações da holding Brasil Ferrovias à ALL).
A Malha Paulista da FEPASA utilizada para transporte suburbano nas regiões Oeste (Linha 8 – Diamante) e Sul (Linha 9 – Esmeralda) da Capital passou para o controle do Governo do Estado, por intermédio da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos – CPTM, em 1992.
Detalhe: a atual biblioteca ferroviária do Museu da Companhia Paulista, em Jundiaí, pertenceu à FEPASA e era anteriormente localizada na Barra Funda, em São Paulo. Durante a privatização, o acervo foi removido para Jundiaí, onde a FEPASA possuía suas oficinas e o museu ferroviário Barão de Mauá.
Destaque: a construção de ferrovias em São Paulo, iniciou-se após a primeira metade do século XIX, formando verdadeira rede de captação do café em direção ao Porto de Santos. De 1867 até a década de 1930 existiam 18 ferrovias, sendo que, deste total, metade, com extensões inferiores a 100 km, serviam de ramais de captação de cargas para as grandes e médias companhias, a saber:
·         Estrada de Ferro Sorocabana – com 2.074 km;
·         Companhia Mogiana de Estradas de Ferro – 1.954 km;
·         Estrada de Ferro Noroeste do Brasil – 1.539km;
·         Companhia Paulista de Estradas de Ferro – 1.536 km;
·         Estrada de Ferro Araraquara – com 379 km;

·         São Paulo Railway – com 246 km, que até a década de 1930, consistia na única ligação ferroviária do planalto paulista com o Porto de Santos.

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