Adeus, Goffredo!

“O Estado legítimo é o Estado de Direi­to,
e o Estado de Direito é o Estado Constitucional”
(TELLES, G.S.)
A grandeza desse advogado militante e constitucionalista histórico está gravada na história de nosso país.

Goffredo Carlos, paulistano, nasceu em 16 de maio de 1.915. Adotou o nome de Goffredo da Silva Telles Junior para não ser confundido com o pai, Goffredo Teixeira.

Era muito jovem quando participou, como soldado, do maior movimento cívico de nosso Estado - a Revolução de 1932 - que visava a derrubada do Governo Provisório de Getúlio Vargas e a promulgação de uma nova Constituição para o país.

Poucos anos depois, em 1940, iniciou sua carreira docente na Faculdade de Direito da USP, onde lecionou cerca de 45 anos e participou de diversas instâncias incluindo a Vice-Reitoria (1966-69) e a organização e primeira chefia do Departamento de Filosofia e Teoria Geral do Direito (1970-74). Antes de se aposentar recebeu o título de "Professor Emérito" da Universidade de São Paulo, por voto unânime do Conselho Universitário.

Mas, sua trajetória ultrapassou as arcadas do Largo São Francisco. Foi:
  • Deputado Constituinte (1946) e Deputado Federal (1946-54);
  • Secretário de Educação e Cultura da Prefeitura de São Paulo (1957);
  • Sócio Fundador do Instituto Brasileiro de Filosofia (com o prof. Miguel Reale);
  • Membro dos Conselhos: Consultivo da Ouvidoria da Polícia Militar de SP; de Ética da SBPC - Soc. Bras. para o Progresso da Ciência; do IBRAE - Inst. Bras. de Altos Estudos da FAAP;
  • Presidente: da APPES - Assoc. Paulista dos Professores do Ensino Superior e do Cons. Pedagógico da Escola de Governo (do prof. Fábio Konder Comparato); da Associação Brasileira de Juristas Democratas (ONU e UNESCO);
  • Sócio Fundador do Museu Lasar Segall;
  • Membro honorário da Academia Brasileira de Letras Jurídicas (2002);
  • Participou da fundação da Academia Paulista de Direito e recebeu incontáveis prêmios, honrarias e condecorações.

Os Direitos Humanos e as Liberdades Democráticas tiveram em Goffredo da Silva Telles um defensor incansável. Quem não se recorda da Carta aos Brasileiros, de 1977, em que juristas importantes, por meio de uma "Proclamação de Princípios" de suas convicções políticas, condenavam o regime de exceção e apelavam pelo Estado de Direito. Pode-se dizer que Das Arcadas do Largo de São Francisco, do “Território ­Livre” da Academia de Direito de São Paulo deflagrou-se um movimento importante com a divulgação dessa Carta, marco decisivo no processo de abertura democrática do país.

Foi numa noite de Julho daquele ano de 1977. Foi numa an­te‑manhã de inverno. Era cedo, muito cedo, eu ainda não ouvira o relógio da sala bater as cinco horas. As pombas da alta‑madrugada não haviam ainda chegado ao beiral de minha janela.
Silêncio no estúdio — o grande silêncio fecundo, das horas que antecedem o nascer do dia.
Sentei‑me à velha mesa, arredei livros, arredei papéis. Na minha frente, a folha branca, imaculada.
Senti o leve roçar da asa do Anjo na minha cabeça.
Peguei do lápis e, lentamente, escrevi no alto da página:

“CARTA AOS BRASILEIROS” . (TELLES, G.S.)

Em 1988, em nome de centenas de entidades da sociedade civil, escreveu sua Carta aos Brasileiros ao Presidente da República e ao Congresso Nacional, clamando por "uma Assembléia Constituinte livre, autônoma e soberana" e, mais tarde, em 1993, parte novamente em defesa da Constituição com a Segunda Carta aos Brasileiros.

Quem teve a oportunidade de partilhar de sua experiência e brilho, jamais o esquecerá.

Adeus, Goffredo!

(Fonte: http://www.goffredotellesjr.adv.br)

Comentários

Anônimo disse…
o que eu estava procurando, obrigado

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